domingo, 13 de abril de 2014


“e há palavras que são fogo e são raiz”



não tenho estrelas
nem o ofício do esplendor
apenas o gesto.

da  geometria  a esboçar um coração antiquíssimo
trago-te a infância pulsante de uma rosa.
não há sombra que suspenda o movimento
nem sede que esmague a matéria que rendilha a sua forma.
ouve-lhe a rebentação marítima
a evocação dos barcos

 diante de nós

a palavra deslaça o lábio sangrante
o alarme da dor dos náufragos
acende as lágrimas, alpendre do ultimo sono.

eramos crentes
ignorantes do medo contra o coração.
ainda não sabíamos que o relógio lunar
avança o inverno impetuosamente
e , habitantes de um texto obscuro
deslizamos  silenciosos para a noite amotinada.

pressinto-te  o rosto  e um coração de pássaro.

e tanto mar  no precipício do gesto.



tela; istvan sandorfi

5 comentários:

Jaime A. disse...

A palavra desenlaça e entrelaça, e nada se pressente a não ser o Outro.

Luis Eme disse...

que bom chegares com a maré e com as estrelas.

abraço

Manuel Veiga disse...

que as noites se amotinem - em madrugadas de luminosas...

belíssimo. o poema!

beijo

Graça Pires disse...

Que boa surpresa teres voltado. E voltaste com um poema que se encova no meu coração por ser tão belo.
Tens estrelas, sim, no teu olhar e quero que me ofereças "a infância pulsante de uma rosa"...
Um imenso beijo.

Anónimo disse...

Percorri a sua poesia e achei interessante as datas.
13 de Abril.
Chega a estar um ano sem publicar e volta sempre nessa data. Interessante, datas, palavras e imagens.
Obrigado.