domingo, 4 de maio de 2014

...
 Minha mãe, se eu te perder,
Farei de branco o meu luto:
Que é Santa toda a mulher
Que dá poetas por fruto!
José Régio



o vestígio
é a invisível mão de um anjo
que abre o instante a todos os mapas.           

na porta, as giestas correm o sangue de uma sílaba maior
o pulsar do poema a sufragar o teu rosto.

voz de manhãs límpidas
ou a tua mão  que toca  a terra
materna e múltipla
como o choque sísmico de uma luz?

do outro lado do vento
a mudez das altas montanhas
humedece as macieiras de sombra
inunda os ossos de um abismo temerário
até ao abandono.

hoje é o teu nome    a pureza aberta do silêncio
a ressuscitar-me as brancas mãos


um espelho a dividir-se  sob uma fenda de sol.


tela: paulo ossião

8 comentários:

Luis Eme disse...

hoje também é o teu nome, que vem escrito nas ondas de todas as marés.

abraço

Manuel Veiga disse...

quem tão temerário que ouse o comentário?

recolho-me para melhor sentir a vibração o poema - e já e tanto!

beijo

Graça Pires disse...

"voz de manhãs límpidas
ou a tua mão que toca a terra
materna e múltipla..."
A mãe. A terra. O silêncio em "pureza aberta" a ecoar na alma...
Que fantástico, minha querida amiga.
Um beijo imenso.

Rita Freitas disse...

Muito bonito!

Voltarei

bjinhos

Virgínia do Carmo disse...

Sempre enorme, Maré. Um beijinho

lupuscanissignatus disse...

num tempo em que o ruído foi erguido a rei, o silêncio é a casa-mãe de onde se parte e aonde se regressa. sempre. fonte de pureza, como tão bem dizes.

Obrigado.

Nilson Barcelli disse...

Fico sem palavras perante o teu enorme poema.
Digo apenas: excelente...!!!
Bom resto de semana.
Beijo, querida amiga Maré.

Graça Pires disse...

Obrigada pelo comentário.
E a actualização deste blogue?
Um beijo enorme.