sábado, 13 de abril de 2013


"Plus je vieillis et plus je croîs en ignorance,
plus j’ai vécu, moins je possède et moins je règne.
Tout ce que j’ai, c’est un espace tour à tour
enneigé ou brillant, mais jamais habité."



apreendo devagar a morfologia do tempo     

se o destino das palavras não alimenta qualquer rio.        

 ao olhar devolve-se-me uma dor estendida

uma paisagem vertebrada que espreita o lugar definitivo dos barcos.

sobranceira  às minhas mãos, uma ferida

 vertiginosamente doce                

oculta a censura dos dias. dias que se esvaziam como rios sem nome

 sem véspera  de sol no anúncio de um rosto.

por vezes, o silvo de um comboio  transgride o real tempo do mundo

ilude, por momentos, a imaterial razão das coisas

e então és tu, como se fosses uma pátria absoluta a procurar-me o rosto.

e por um instante, o impossível  lugar onde existir: o movimento das águas.

de que rios falaríamos?   em que língua nos beijávamos?      

                                                                                                  

cedo ao erro o calendário   das interrogações e                                                     

esvazio o corpo habitado de um  instante :                                                   

nada transpõe a metamorfose das estações.

 hei-de somar à noite esta metade de sossego que se permite ao esquecimento.

 

Tela;  valeriy skrypka

 

11 comentários:

Luis Eme disse...

olá, Maré,

gostei que regressaste, mesmo que seja "ilusão"...

beijos

Graça Pires disse...

Que bom teres voltado...
E com um poema muito forte e muito belo, bem à tua maneira.É para ler e reler. É para nos questionarmos por que motivo não há um livro teu publicado...
Um grande beijo, minha querida amiga.

Jaime A. disse...

Esta dor tem um passo lento, uma cadência... que dói e que lembra tanto de mim: " hei-de somar à noite esta metade de sossego que se permite ao esquecimento.", diz-me tanto.
Muito obrigado pela partilha.

António Je. Batalha disse...

Estou alegre por encontrar blogs como o seu, ao ler algumas coisas,
reparei que tem aqui um bom blog, feito com carinho,
Posso dizer que gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns,
decerto que virei aqui mais vezes.
Sou António Batalha.
Que lhe deseja muitas felicidade e saúde em toda a sua casa.
PS.Se desejar visite O Peregrino E Servo, e se o desejar
siga, mas só se gostar, eu vou retribuir seguindo também o seu.

vieira calado disse...

Um belo poema que aprecei muito!
Beijinhos!

Anónimo disse...

Aprendes devagar por sempre foste, és e serás sempre uma burra do caraças, tu, e todas as mulas que conheces...

maré disse...

é curioso como a cobardia anda sempre de mão dada com o anonimato...

ah, um conselho: aprenda a ler.

Maria disse...

Passei por aqui. E foi bom ler-te, ao fim de tanto tempo.

Beijinho, Maré.

Batista Filho disse...

não só nasci
entre
rios
igarapés
e mar

respirei
maresia
trazida
d'outros mares
... e o cheiro da lama do mangue, prenhe de vida.

Vida
é o que encontro nos teus versos.
sinto-me feliz por
reler-te.

lupuscanissignatus disse...

o e.terno

retorno

das águas


*votos de um 2014
inspirado(r)*

Anónimo disse...

Existe algo que se desprende de ti
suspiros que não seguras
metaplasias que largam lastro
em almas alheias
devia olhar-te
na ausencia das palavras!