Ouço-te na quietude da noite...quase te toco, nas sílabas de uma voz sobrevivente !
domingo, 6 de dezembro de 2009
ouve:
o meu corpo adormece no que sobrou de pequenas sílabas.
nada digo que exceda as mãos possuídas de noite.
entre o credo e a confissão
o esquecimento é uma lua de chuva
que se dá à direcção caprichosa do vento.
sei-me longe das margens
da voz que me trazias nas manhãs para nascer
quando ainda não sabia que o destino das aves
é a ferocidade do sol e um país no exilo das línguas.
o eco é uma ferida na atracção dos espelhos.
um dia dar-me-ei ao silêncio mais profundo que emana das águas
e serei sua amante. cativa do sal que cristaliza a carne
serei do mar as líricas vogais de marinheiros sem porto.
dir- me-ás que o rio é uma canção triste a um caminho tão longo
mas tu não sabes ainda da água que se prende à minha sombra
como uma árvore onde a noite é mais perfeita.
e deixa que te diga: como morcegos contra a luz
um a um morreremos
com os incêndios do céu.
fts: carlos vicente
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35 comentários:
ouvi-te...
mas nem todos os rios são tristes,
e podes estar num bote, com remos, mesmo distante das margens...
bjs Maré
fantástico e doce incêndio, este....
beijo....
Soberbo este texto!
Deixaste-me sem palavras, Maré...
Um beijo.
como quem diz que basta ser rio...
um beijo maré.
-
[física palavra para tão química magia! sobra da maré o melhor dos charcos da manhã!]
um imenso abraço
Leonardo B.
"quando ainda não sabia que o destino das aves é a ferocidade do sol e um país no exílio das línguas"...
Aprendeste que o destino das aves é também o teu destino: sobrevoar sobre as águas para enganar a sede.
Belíssimo, o teu poema, como sempre.
Um beijo.
Sem abdicar das memórias
mesmo que ardam as margens
cantaremos
por sobre as pátrias apócrifas
Maré...
As águas
tornaram-se esquivas
perante a ferocidade do sol.
Agora,
só temos a raíz dos dias
e enlouquecidas crinas do vento
soltas e febris
inquietantemente à espera
do nosso salto
cego e solitário
rumo aos incêndios dos céus...
Beijo...
Sublime composição poética, Maré... Como em tudo o que escreves, adoçaste mais uma vez, com a serenidade das palavras, a agitação da alma...
Desejo-te, do fundo do meu ser, um mar de bençãos que te saciem o coração...
Beijinho grande
Sussuro Perfeito e essa luz que trata as palavras por tu ...
Um prazer , esta leitura .
abraço
____________ JRMarto
Poesia em estado puro. Sabendo dos incêndios.
Um beijo.
Ouve...é belíssima a tua escrita!!
...fogo belo
bom dia "incêndio".
abraçooooooooooooooooooooo.
Y
“e a terra é sempre ventre” e oficina. matriz de lascas e suspiros. é tempo do lume. paridos rumores cintilantes e carvão. absurda inclinação a do destino das aves. magma das mãos onde a fogueira se acende a tecer o movimento da morte. chama e cinza. perpétua despedida.
e re.nascimento. uma vez outra vez. “sempre a primeira”.
cego o tempo em que o instante é substantivo das margens….
.
imensíssimo beijo
Um belíssimo poema, minha amiga!
Você tem mesmo jeito.
Beijinhos
gostei muito do poema. excelente blog. voltarei seguramente.
uma revelação, que devo a Maria Manuel
a canção das águas,
feriu os ouvidos
das manhãs ponteagudas;
sentiu o olhar,
penetrante até doer;
que caminho tão longo
até ao esquecimento,
à planície dos juncos sem-fim...
obrigada. Maré.
.
beijo.
Querida amiga, o teu poema é soberbo.
Está cheio de excelentes imagens poéticas. Exemplo:
"o esquecimento é uma lua de chuva
que se dá à direcção caprichosa do vento"
Parabéns pela tua magnífica criatividade poética.
Beijos.
O tempo e o eterno incêndio da poesia...
Um abraço
Chris
poesia que tem tudo...desde a beleza das palavras e o fluir de quem mão para a escrever.
parabéns!
beij
é a minha vez de dizer que o piresf tinha razão :) a tua poesia é diferente, maré. e especial... gosto cada vez mais :) beijinhos*
:)))))
que bom ver aqui a Alice....:)))
beijos Maré.Alta.
não sei que diga. li, reli e reli. fiquei cativa de cada verso, da beleza de cada imagem, da rara poeticidade do teu poema.
do nosso mar, digo eu: mmsr@sapo.pt
se quiseres, manda notícias ou diz das tuas águas. beijo.
~líquida
labareda~
[voo que
nos consome]
*bom-fim-de
semana*
Quando as palavras se incendeiam, há que dar tempo a que novas se inventem.
Voltarei quando tiver algumas para te comentar.
Apenas digo : sublime :-)
Bj
Vim reler-te, deixar-te um beijo e os votos de um final de semana tranquilo e feliz!
AL
eu que tenho memória de elefante, ou que já tive, agora nem tanto, acho lindo que o esquecimento seja lua de chuva
dada à direcção caprichosa do vento.
um poema lindo e sério...
Lindo e tocante teu poema.
No momento não encontro outras palavras.
Voltarei para visitar-te, com certeza.
Torno-me seguidora desde então.
Beijos.
e levei-a para lá...
boa noite Maré.
À volta desta fogueira
Aquecem os corações, almas penadas
À volta desta fogueira ninguém foje
Todos contam lendas de pessoas encantadas
Todos rezam, todos pedem
Que desça o céu à terra
Todos falam de um anjo
Que travou uma santa guerra
Manto de água, mundo verde
Manhãs de sol posto no céu
Às vezes a luz perde-se na noite
À vezes um coração veste um negro véu
Mágico beijo
Sem margens, sem dúvidas do teu enorme talento!
o destino das aves, jaz nas nossas mãos urdidas...de desencanto!
Beijo, Maré
Na alvura da tela que me deixaste, vibram todos os sons, gritam todas as cores...
Um beijo!
AL
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