sexta-feira, 29 de maio de 2009



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sobre as fugas digo-te:
equilibro silenciosos olhares
sustentando os pés numa voz rasgada de pressentimentos.
simbólica é a flor branca do quase
a que resiste nas mãos
a que insinua os lugares no peito raso de segredos
a que um dia demos abrigo.
sei que as cidades vão ardendo
[também a nossa
ficando desertas e estéreis
um ventre vazio de uma água mãe de possibilidades
e tudo decresce até chegar à mingua
que suspende as coisas do seu corpo.
resta-nos a lucidez suplicante dos pássaros
esse gorjeio compulsivo que ainda suporta o sofrimento.
ironia? recomeço cada manhã com a estranheza do canto dos inícios
quando sei da condenação à morte
com a mesma certeza de termos existido.

7 comentários:

Gabriela Rocha Martins disse...

o reacender o dia

ou a necessidade de nos sentirmos vivos descritos com a força da "água"

,ou não foras uma diária maré de espanto....


.
um beijo

Luis Eme disse...

recomeçar... é preciso.

sempre.

bjs Maré

Graça Pires disse...

O peito raso de segredos.
A lucidez suplicante dos pássaros.
A certeza de que a poesia é a tua vida...
Um beijo grande.

AnaMar (pseudónimo) disse...

Deveria ter vindo aqui há mais tempo...
Porque estas palavras têm-me feito tanta falta...

Bjs

lupuscanissignatus disse...

*voo

rasante*

isabel mendes ferreira disse...

também fugi..

também fico assim.


mas engrandecida pelo excelente que é ler ver esta Maré.


roubo a ft.


. para um dia.



deixo um beijo.

lobices disse...

...lindo, como sempre
...um bom FDS