Ouço-te na quietude da noite...quase te toco, nas sílabas de uma voz sobrevivente !
domingo, 13 de junho de 2010
refugio-me nas palavras pronunciadas sobre um corpo em fuga.
qualquer manhã serve à confissão dos vestígios que a noite lega
silenciosamente quando escolhe um recanto para morrer.
nada deixou de um antigo fulgor de mãos inocentes
nem sinais onde intentar outra respiração.
nenhum nome na boca. nenhuma cintilação largada de mundo.
apenas sede. e a imolação do pensamento.
com a língua das histórias infelizes
costurada à pele. regressamos tristes para mais uma noite legível
carregados de pranto na sólida memória das viagens.
iniciamos a marcha definitiva a construir o corpo do esquecimento
na corrente incansável dos rios.
os braços longos como margem das ausências.
um sorriso a morder-se a si mesmo:
a explicação incompatível de estranhas pedras de sangue.
t: j. pomar
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25 comentários:
Um prazer em ler-te , única , única , Maré ...
No recolhimento exigido pelas tuas palavras ,
a ti a minnha vénia
_____________ JRMARTO
tantas são as madrugadas e as manhãs que nos sorvem à sombra do sangue corrosivo da memória das noites...
Terno beijo
Os rios já projectavam sombras
muito antes das pontes
Bjs tantos
Leio o poema, releio...
As palavras, ziguezagueantes, são construtoras de percursos em desencontro, ou em encontro no desencontro. Insinuam veredas doridas, feridas em aberto, uma quase resignação...
Leio, releio...
Ah, as palavras!
A mim também se me escapa entre o olhar e as mãos as coisas que mais amo... mas dizem que a culpa é minha... portanto, tenho de repensar a vida e verificar muito bem onde está essa culpabilidade e, o que fazer para a anular!
Boa semana
obrigada. Maré. pelas "rosas".
beijo.
muito.
muito.
muito.
imf
Quando as palavras servem de refúgio a um corpo em fuga, elas serão o abrigo, a fonte, o silêncio, o trilho onde as emoções se soltam...
O teu poema é fantástico!
Um grande beijo e saudades, miúda...
Não sei comentar. Cada poema teu é uma maré de espanto.
Beijo.
Obrigada.
Um beijo
Ana
as palavras são sempre um bom abrigo, de noite ou de madrugada...
bjs Maré
cresce um rio dentro de mim prestes a desaguar na noite
alongam-se os braços inutilmente em busca das ausências
enquanto da lágrima resta um cristal de sal no rosto...
beijo, Maré.
não leves a mal dizer-te apenas que também gosto muito de júlio pomar e que adorei esta tela neste poema. não sei mais que dizer... um beijinho grande*
um corpo em fuga...palavras sentidas, e belas, para uma belissima imagem.
um beij
Entre a noite e o dia
Se faz o sonho
Resistente desejo
“Na marcação da luz do dia"
Na antinomia do corpo
Se faz absurda contradição
Gosto da densidade delicada dos teus textos
Gosto também deste quadro de Júlio Pomar
Deixo-te aqui uma passagem de um poema de Al Berto
“combinara o encontro no limite deste século
onde nenhum homem dorme no limiar do dia
e o sonho se desfaz sob a nocturna incerteza”
Al Berto, “Combinara o Encontro no Limite deste Século”, in O Medo
Obrigado
e a imolação do pensamento.
com a língua das histórias infelizes
costurada à pele.
Excelente, querida amiga.
Beijos.
cada vez mais apurada a tua escrita ,Luísa
amei
.
um beijo
repassei.
bom fim de semana!
beij
muito belo maré!
beijo grande.
Mais uma corrida... mais uma viagem!... Mais recordações de regressos que nunca partiram, de lágrimas nunca choradas e de choro sem lágrimas que os olhos preferem guardar na Alma!... Flutua o retrato da memória num quadro parado no tempo... á beira Mar, sempre à beira Mar!... Observando a Caravela traçada numa tela de sal que a ilusão lambe até ao desejo obsecado da sede!... Um dia virá o vento e com ele o movimento que quebrará o elo da âncora... que a levará!... Da esperança.
Boa semana
Escolha entre... beijos e abraços
Gostei imensamente desse teu poema. Parabéns!
____Um beijo maré?!
"iniciamos a marcha definitiva a construir o corpo do esquecimento
na corrente incansável dos rios": excelente trecho de um texto ao ritmo e sabor das marés matinais que a poesia atiça.
grato pela partilha
filipe
Lindo! Metáforas cada vez mais depuradas, ritmo do poema cada vez mais cadenciado. Um excelente poema.
Um grande beijo, maré.
das entranhas
dos
seixos
[brota um canto
que nos bebe]
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