terça-feira, 23 de fevereiro de 2010




sei de um poema
que nasce no peito do vento
cegamente violento

tem na boca
a bárbara armadilha do lume.
um sangue que se move
e corre
corre

uma pedra de ruído

o núcleo absurdo de uma intempérie de vozes
e foz de flor que desabriga um sal
impossível de harmonia

pássaro
desenfreadamente louco
e cego

preso à interrogação do rosto
verbo e pátria onde o vento chicoteia a língua
adversa ordem
que lentamente me fuzila




foto: martinho fresco

29 comentários:

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

sei de um poema.

perfeito.

o teu.

muito belo!

beij

KrystalDiVerso disse...

Há poemas assim!... Há ventos assim... também! E há o fogo ateado nas palavras e no sangue que... arde e queima, corre e sobressalta!... E acalma, longe, no vento para lá do vento... que volta... sempre, como se a loucura se vistisse de uma cega desordem sempre capaz de fustigar diferentes ângulos; seus ângulos adversos que sopram num sentido inverso! Porquê?... Porque há sempre "porquês" Admiráveis!


Escolha entre... beijos e abraços

Breve Leonardo disse...

[a arte de dissecar a palavra, a perfeição de sangra-la, passa directamente do mundo, da terra arável para o pulso e mão de poesia]

um imenso e maritimo abraço

Leonardo B.

O Profeta disse...

Apetece-me pintar a musica
Que me afaga a alma, desperta os sentidos
Apetece-me pintar-te o sorriso
Unir-te aos meus anseios antigos

Uma tela, universo ávido de um deus
Será o pintor o criador da cor do dia?
Um salteador das sombras da noite?
Ou apenas um semeador da nostalgia

Boa semana


Doce beijo

maria josé quintela disse...

tão belo maré!






beijo.

Maria disse...

Poema soberbo, este!

Beijo, Maré.

O Puma disse...

Escreve e canta esse poema

sei que vou encontrar-te

lá no fundo

onde quase tudo acontece

imperfeito

Bjs muitos

Manuel Veiga disse...

poema que cresce em vórtice. e que deixa rasto. e se cumpre na beleza esfusiante em que se desprende...

belíssimo.

beijo

Jaime A. disse...

Porquê a dor? Porquê o medo?
Por que escorrem sangue os teu dedos?
(...)
Para onde caminhas,
que tempos trazes
na tua cesta?

Luis Eme disse...

eu fiquei a saber, de um poema, bonito e livre como o vento

e claro,

louco como os pássaros, que amam a Liberdade...

bjs Maré

© Maria Manuel disse...

querida Maré, um excelente poema, com imagens fortes, a lembrar que a poesia pode ser "lume", pode fustigar, pode intervir, a lembrar o poder imenso das palavras.

beijo grande!

Graça Pires disse...

Um poema que deixa um rasto de lume ardendo no peito...
Muito belo!
Um beijo, miúda...

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Enorme!
a si mon coup de chapeau!
Abraço
_____ JRMARTO

Ana Oliveira disse...

Palavras que são como asas feridas em busca da fuga...

Linda a imagem de: "uma pedra de ruído" como o bater de um coração.

Um beijo

Ana

Anónimo disse...

eu também sei desse poema. porque o li. aqui. um grande beijinho, maré.

(às vezes, dá-me uma aflição boa quando te leio :)

Luis Ferreira disse...

Um bom momento, belas as palavras... gostei de ler

Com amizade
Bj
Luis

Licínia Quitério disse...

Um poema que atravessa a tempestade e sangra.
Belíssimo.

Beijinho, Maré.

Nilson Barcelli disse...

Escreves como poucos.
Este poema é soberbo. Pareabéns pela excelência poética das tuas palavras.
Querida amiga, bom fim de semana.
Um beijo.

teresa p. disse...

Muito belo o teu poema!
É como uma música suave que nos envolve...
Bjs.

ausenda hilário disse...

Há poemas assim...que nos naufragam! Porque nascem no peito do vento...!

Que posso dizer Maré?

Beijos

Virgínia do Carmo disse...

Do caos nasce a ordem. Depois de uma intempérie de vozes, há sempre um acesso de paz.

Lindo poema, Maré...

Beijinho

Gabriela Rocha Martins disse...

irresistível

preciso de inventar o tempo
para

DEvorazMENTE
ficar por aqui a ler.te



.
um beijo ( com um L pelo meio )

Anónimo disse...

Belo o seu blogue. respira-se...

Isabel disse...

aqui é a foz de todas as flores. as mais raras! sempre e senpre!


enorme abraço. Flor de pétalas alvas.



y.

A.S. disse...

Não necessitas de ostentar corolas
para que frutos de ti
transbordem!
Esmeras-te na seiva,
que impeles até que a polpa
engravide
e brote um poema de lume...


Beijos
AL

lobices disse...

...sei de uma poesia excelente: a tua

Arábica disse...

Adversa a ordem que nos fuzila.
Como uma pele ignorada sob todas as lãs.

Um beijinho, boa semana.

Nilson Barcelli disse...

Gostei imenso de reler o teu poema, querida amiga.
Boa semana, beijos.

lupuscanissignatus disse...

turbilhão






*beijo*