Ouço-te na quietude da noite...quase te toco, nas sílabas de uma voz sobrevivente !
domingo, 24 de janeiro de 2010
já nada se pode repetir.
dizemo-nos com a vaga memória de uma boca
mordendo a inquietude dos dias.
e partimos. rostos efémeros sem lugar certo onde existir.
só as mãos são cais abandonados onde aprisionamos um naco da noite e
a tardia esperança de uma estrela fabulosa.
rendemo-nos às monções .
vergados ao espanto do transfigurado
os olhos rasgando a derradeira genética das coisas que perderam o nome
a vã tentativa de celebração dos dias sem pavio.
aqui e além uma palavra que arde
e nos transgride. a inocente nudez dos ocasos.
dizem-se revelações como se o catálogo do mundo
ou todas as coisas já esquecidas.
uma voz peregrina ao coração das pedras.
___ o que vem lá com este assombro de relâmpago?
e são pedras em fúria o remate das perguntas.
oceanos em fuga. tropeçantes como ébrios.
a voz mergulha no ênfase da noite:
a profunda descrição do silêncio.
só a noite se repete
o coração ao meio de uma cidade inteira de melancolia
___ e o meu corpo tão cheio de silêncio!
foto: philippe mougin
e xavier ray
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27 comentários:
e o dia?
o dia também se repete, entre mãos, rostos, revelações...
e quebra o silêncio do teu corpo, Maré.
beijos
Rápido como a vida, o tempo vai-se cozinhando em cada palavra tua...
Beijo.
é de noite que renasço cada dia. é de noite que as palavras me escorrem pelos dedos como se fossem água. de um rio caudaloso que corre desenfreado até à foz. das palavras.
é de noite que me refaço ao pôr da lua. e é de noite que a poesia se solta do meu peito como se fosse um grito. que ninguém ouve porque se juntou ao rio e já desaguou no mar. de onde regressa, em cada maré.
Um beijo.
repete-se a opulência do seu verbar!
irrepetível!
beijooooooooooooooo.
Que os silêncios gritem
ou falem baixinho
mas que não se calem
no coração das aves
até ser outro dia
tão cheio do MUITO
que é ler.te
em permanente espanto
.
um beijo
noites em monções,
rasgos peregrinos.
é o teu nome que pinto em labaredas para transfigurar a nudez diurna.
mas só o coração aceita o ocaso.
e entrego-me o livre integral.
esvanecer num momento
é renascer pelo tempo.
em silêncio!
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Não tenho palavras. só sentires.
Só a noite se repete,
num frenesim rendido;
no espaço correram as sílabas,
as canções,
o desnudar da verdade
feita conjunção,
império,
naco de mentira.
Mais um descarregar de sentimentos,
maré.... lindo, lindo
querida Y
basta o essencial. a clareira que é pousio breve de um verbo. é de um olhar íntimo que a montanha se faz casa. residente o diverso que um dia será verso. ou árvore em desbaste de tempo. a penumbra é patamar onde o silêncio se refaz. para um dia de ninhos. e ensaio de asas.
_______
imensíssimo beijo,
patamar de luares mais a norte.
obrigada M. de Alta.
beijo.
A cada dia, somos um silêncio diferente, na obscuridade do que calamos - às vezes, por não querermos repetir.
Um beijo, Maré, ainda sem jazz. :)
http://3demalaostia.blogspot.com/
Melancolico, mas muito bom.
Gostei de ler-te, gostei da foto também a condizer com o poema.
Obrigada!
Um beij
Bonitas palavras numa imagem lindissima
não repetimos. esquecemos para dizer outra vez.
beijo maré.
Lindas palavras, linda foto... o silêncio para sentir o momento que aqui partilhas.
Bjs
Luis
Que belíssimo dizer! Da noite, da (des)esperança, da cidade que somos, de taaantooo!
Um beijo, Maré.
pedras em verdadeira fúria, estas palavras. cheias de corpo! muito belo, maré! um grande beijinho*
silêncios vibrantes. expectantes de alvoradas...
belo
beijo
sobre as rugas do tempo,
rendemo-nos às emoções
sem medir o tamanho do mundo.
mas,apesar de cegos,
depois de tanto olhar,
nunca nos perdemos.
orienta-nos a nudez dos ocasos.
com a alma à deriva,
esperamos que a lua adormeça,
no teu corpo tão cheio de silêncio...
Beijos!
AL
o silêncio dilata-nos os vazios...
Beijinho, Maré...
porém, a noite é imperceptível, diáfana, sem cais, nem rostos..
beijo
O poema é magnífico, querida amiga. Parabéns. A tua escrita é de qualidade superior.
Um beijo.
"Já nada se pode repetir... e são pedras em fúria o remate das perguntas." Como entendo...
Um beijo grande.
bom domingo!
o cume
do
silêncio
[a espraiar-se
em noctívaga
voz]
*uma óptima
semana*
Que só no nosso próprio silêncio é possível nos ouvir...
Lindíssimo.
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