quinta-feira, 8 de outubro de 2009





quando a noite me restituir o silêncio sem rosas do teu corpo
com estas mãos de terra escreverei a foice sobre as águas
onde ancorei um dilúvio de ilusão.
as pálpebras de antigas madrugadas
falar-me-ão da doçura que mergulha o esquecimento
e dos caminhos onde envelheces lentamente.
depois saberei que nenhuma palavra guardará a tua imagem.
dir-te-ei: olha meu amor
a noite abriu-se na queimadura dos dedos.
vê como emudecem as nossas bocas.


ft: paulo ossião

26 comentários:

real republica disse...

"e eu ben vos digo que é vivo e sano"...

bem-haja!

mariabesuga disse...

não haverá melhor tempo que a noite para usar o silêncio praciso à memória...

depois, os dias rasgam-se de luz e na urgência de guardar os silêncios...

Um beijo

maria josé quintela disse...

insondável caminho o da memória que guarda as imagens no silêncio.








um beijo.

Mar Arável disse...

Profundo e belo

Bjs

Jaime A. disse...

as ondas restituem teu retrato,
a ilusão de tuas mãos,
o conserto das marés,
o secreto dilúvio do esquecimento
(...)
vê:
não tarda abalarão
os resto das alegrias
que desmontaste em meus caminhos

Maria disse...

Hoje guardo as tuas palavras dentro de mim. Porque as bebi.
Obrigada.

Beijo

lobices disse...

...gostei

ausenda hilário disse...

O esquecimento também pode ser...doce!

A foto é lindíssima!

Um beijo

isabel mendes ferreira disse...

beijoooooooooooooooooooo.








.

Luis Eme disse...

sim...

poetisa nocturna.

bjs Maré

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Alma , de Mar , como é bom ler o teu poema , tão longe da linguagem repolhuda , de repolho , pois claro , tão longe do pechisbeque reinante de palavras seguidas de palavras, ocas como almas vazias , nulas de nada !
Aqui Há poesia , mais além ou mais aquém , nada , o vazio , o servil vazio , só esse .
Abraço
e mon coup de chapeau !
_______ JRMARTO

lupuscanissignatus disse...

colhes

o puro

trigo



[da noite]





*diurno beijo*

© Maria Manuel disse...

das ilusões e do modo como as vamos guardando ou envelhecendo...

belo, Maré! um beijo.

Gabriela Rocha Martins disse...

um belíssimo poema,
onde os comentários são demais....




.
um beijo

Pedro Branco disse...

Não me cantarás na noite o teu silêncio...
O amor é um grito em brasa no peito
Mesmo que os ventos se levantem
Saberemos calar em nós cada segredo das memórias...

Não me cantarás palavras roucas e frescas...
Forte a tempestade do olhar vagabundo
Colorido de tanto sabor a nós
Que deste leito guardo sempre o cheiro
Que da noite... sou suspiro de morte.

Jaime A. disse...

nos caminhos em que perseguiu
o silêncio,
nas veredas onde encontrou
a palavra,
nas ilusões onde envelheceu
a imagem,
houve uma flor
que não resistiu ao seu suspiro,
ao seu compasso vivaz,
assim amanheceu na virtude
de um gesto silente

Arábica disse...

Emudeces-me, sempre.

Abraço, Maré.

isabel mendes ferreira disse...

boa noite maré___________sussurrante.

maré disse...

Isa


na rebentação vagueante do fogo e quando a noite se abriga, múltipla de estrelas,
os verbos são um só tempo incauto sobre as águas.
tempo de carmim inclinado e vibrante. amanhã, depois de amanhã. será dia de pétalas.

boa noite , bom dia
mãos estendidas às estrelas
______

e um beijo

Virgínia do Carmo disse...

E sublimando os sentidos
vão
as palavras

Beijinho de admiração

Nilson Barcelli disse...

"com estas mãos de terra escreverei a foice sobre as águas
onde ancorei um dilúvio de ilusão."
Esta parte é soberba, mas todo o poema é excelente.
Gostei muito, mesmo muito querida amiga.
Beijos.

susana disse...

É á noite que o amor reforça toda a intensidade que cada casal possa ter e sentir, é á noite que a magia acontece, é no tanto querer que os dedos queimam com a sede de desejar...

Beijinhos
Susana

AnaMar (pseudónimo) disse...

Ceifa de amor em corpo maduro.
Assim a noite muda de ilusões.
belíssimo.

Deixo-te um convite:

http://um-cha-no-deserto.blogspot.com/2009/10/convite.html

E Abraços e beijos

Graça Pires disse...

Mãos de terra com sede.
Um beijo, Maré

antonio ganhão disse...

As presenças reveladas no silêncio, será sempre assim a minha ancora...

Henrique Dória disse...

Aqui é o lugar da ternura.