segunda-feira, 17 de agosto de 2009



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esta manhã sobra tudo de mim
ou nada me cabe.
talvez a noite
com a usura do seu casaco longo
tenha ancorado como um passageiro no meu corpo
e derrube os intervalos da febre.

sei que as aves podem ser ondas
nas fronteiras de outras mãos
mas é tarde na minha voz para nidificar outro nome.
neste parapeito onde descanso os olhos
há um desfocar súbito do futuro
que reforça a teoria de Heráclito :
a água passa e nunca lambe as mesmas asas.



ft : artur bual

19 comentários:

lupuscanissignatus disse...

a gestação

da

língua



[belíssimo]




*beijo*

A.S. disse...

A noite desenha gritos
molha as sombras
queima as esperanças
fustiga os desejos...

também queria ser ave,
poisar
no parapeito dos teus olhos
e na lentidão
do amanhecer,
a tua angústia teria
a minha companhia...


Beijos...

Graça Pires disse...

A tua forma de dizer começa a ser incomparável.
A propósito do teu poema lembrei-me de um excerto de um poema do recentemente falecido Mario Benedetti: "Não é só o rio que não se repete[...] Nada pode ser contemplado duas vezes nos teus olhos...
Um grande beijo.

maria josé quintela disse...

se as aves forem sempre ondas nunca será tarde...


belíssimo este teu dizer!




beijo.

real republica disse...

"águas das fontes calai
óh ribeiras chorai
que eu não volto a cantar"

Mar Arável disse...

Nunca é tarde para

o a mar

Licínia Quitério disse...

Nunca tinha vindo a estas Marés. Agora que li e vi, voltarei.

Abraço.

Nilson Barcelli disse...

Gosto da maneira como te exprimes. A tua poesia é excelente.
Parabéns por mais este magnífico poema.
Beijo.

Graça Pires disse...

O teu coração não tem fronteiras. É uma ave que voa até perder a sombra.
Obrigada por ti, por tudo.
Um beijo enorme.

mariabesuga disse...

somos quantas vezes maiores que as manhãs em que pretendemos caber...

bastará descansar o olhar e deixar acontecer o tempo de voltarmos a ser à nossa própria medida...

então... entrar nop futuro será um dar de asas...

abraço

(é uma foto de um artur bual ou um trabalho do bual pintor?!?!?!...)

vieira calado disse...

O Heráclito sabia do que falava.

Mas há outras maneiras de ver a mesma coisa...

Cumprimentos

Jaime A. disse...

Uma imensa tristeza em jeito de poema magnífico. Adorei o ritmo das palavras.

Pedro Branco disse...

Vim só agradecer a força e deixar um beijo...

Luis Eme disse...

nunca é tarde...

tu sabes.

bjs Maré

lobices disse...

...a excelência na forma de palavras

fernanda sal m. disse...

Descobri este lugar mágico e não o quero perder ! Por isso resolvi segui-lo...

Um abraço.

Jaime A. disse...

e vou regressando diariamente a este poema...
um resto de bom fim-de-semana :)

Anónimo disse...

Nunca.

D.

Gabriela Rocha Martins disse...

torno.me no lugar comum
que me tenho

belíssimo



.
um beijo